segunda-feira, 3 de abril de 2017

Review #20: Scuba Divers - Scuba Divers (2017)


Scuba Divers é uma banda que "(...) é uma colagem de barulho e poesia". A banda formada em 2014 busca um som diferente das bandas locais, promovendo eventos que envolvem outras bandas também alternativas, como o Alternapalooza, que vem sendo organizado pelo guitarrista Daniel Teles. O álbum traz um mix de sons nostálgicos, lembrando muito The Smiths, The Cure e Joy Division que, segundo os próprios membros "Vai desde o post-punk ultra-romântico da cena inglesa dos anos 80 até a fúria dissonante da Seattle dos anos 90". Músicas dissonantes e agressivas como "Snowflake", "Dazed" e principalmente "Crushed to Death", até as agitadas "I Wanna Die In London", "If I Could" e "Echoing" fazem parte do álbum. Um Álbum bem trabalhado e de sonoridade diferente, traz à tona a nostalgia de uma época em que ouviamos os discos de viníl comprados nas lojas de discos (quase que inexistentes hoje) no chão da sala. 

Para ouvir o álbum completo, clique aqui 

Dica de música: Echoing


segunda-feira, 27 de março de 2017

Review #19: Fabio Brazza - Tupi or Not Tupi (2016)



Parece que Tupi or not tupi, além de ser o primeiro álbum de rap a aparecer aqui no BMR, foi o álbum mais brasileiro do gênero até então. O nome é uma clara referência ao Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade, mostrando que o álbum é uma mistura poética do rap com os mais diversos ritmos brasileiros, desde o samba, passando pela bossa, jazz e até mesmo capoeira. Várias participações especiais, como na música De Volta Para o Futuro com a ex-The Voice Isadora Morais, a cantora Paula Lima com a música Sabe, a música Hey João juntamente do lendário Arnaldo Antunes, e até mesmo Caju e Castanha com o repente A Gente Gosta de Inventar. Um flow e instrumental que lembram bastante Gabriel, o Pensador, instrumentais esses que não se limitam apenas a um estilo por música. Realmente uma grande antropofagia dos diversos estilos brasileiros e não brasileiros, demonstrando como podemos aproveita-los e ter liberdade no quesito de criar música. Um álbum criativo e bem elaborado.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Review #18: Bonde do Rolê: With Lasers (2006)


É bem visível que With Lasers,  primeiro álbum da banda Indie/Funk Carioca (termo muito diferente e interessante nos dias de hoje) Bonde do Rolê teve uma criação sonora inovadora, não só para a época em que foi lançado. Percebe-se de cara a influência que tiveram do falecido grupo U.D.R em questão de samplers e mixagem, mistura essa que cunhou na criação de uma sonoridade única para o trio, misturando batidas de funk carioca antigo com a levada pop, característica que hoje temos muito em nosso funk. Provavelmente foi a época de ouro para a banda. Todas as músicas estavam no top 100 do Billboard e hit parade entre outros. Pelo álbum ter sido produzido ( e também por terem assinado o acordo) com a famosa americana Domino Records, conseguiram certo reconhecimento então, realizando turnês pela Europa e Estados Unidos. O grupo até mesmo teve boa recepção da crítica americana e britânica. A época de ouro, claro, iria encerrar com a saída da vocalista Marina Vello, por motivos que não foram revelados até então (seria ela a Marina Gasolina da canção?). Um álbum divertido e engraçado, se você gostar da sonoridade do grupo U.D.R. vai se identificar bastante com o trio. Ótimo para festas e para "Soltar o Frango".

quinta-feira, 16 de março de 2017

Entrevista #1 - Cabana Jack e o álbum "Simples"


Olá pessoal, tudo bom? Hoje infelizmente não teremos review :( mas em contrapartida teremos uma entrevista que realizamos com a banda Cabana Jack na Concha Acústica de Santos, dia 04/03.

BMR: Sobre o CD "Simples", como foi o processo de criação do álbum?

CJ: A maioria das músicas do CD foram compostas pelo Danilo (guitarrista), com a participação de Vitor (guitarrista) e do Maurício (baterista) em algumas letras. Quando estavamos ainda planejando o CD, começamos a selecionar algumas músicas que o Danilo havia composto, então o Bruno (baixista) pediu para que ele gravasse as músicas que tinham mais a "cara" do Cabana Jack. Foram apresentadas 30 músicas, da qual 12 foram para o CD depois da seleção. Danilo diz: "Sempre que componho deixo livre para que os outros membros possam opinar, pra ficar mais a cara da banda, não ser apenas eu." Algumas músicas foram reformuladas, como "Casinha de Madeira", que era uma música antiga, e "Perto Daqui" que foi originalmente composta em inglês. Então depois de acertarmos os arranjos, fomos para o estúdio (Electro Sound), gravamos com o André Freitas, que nos ajudou bastante nesse processo. "Muita coisa ainda nasceu no estúdio" relembra Bruno. Quando conhecemos o André, queríamos apenas que ele gravasse. Segundo Maurício: "Ele respeitou nosso espaço e nos entendeu bem, que eramos versáteis, caminhávamos por vários estilos. Ele entendeu a nossa proposta e mesmo assim ele conseguiu somar. Um cara talentoso, bem estudado, nos ajudou bastante no som." Foi algo inesperado que fez o nosso som soar além das nossas expectativas.

BMR: Sobre as influências musicais. É bem nítido o contraste de influências do EP "Alvorada" para o álbum "Simples". Como foi essa transição?

CJ: Foi basicamente colocar todas as nossas influências no CD e dizer: "Isso é Cabana Jack, quando nos juntamos esse é o nosso som". Cumprir o papel de primeiro álbum, para mostrar nossas caras e quem nós somos. O EP foi bem no começo da banda, eramos jovens e o Bruno ainda não fazia parte da banda, apenas da produção. Fazíamos um som voltado para o reggae, tanto que ganhamos o premio de "Melhor Artista de Reggae" pela Rock Show em 2014. Bruno relembra que foi a primeira vez em que subiu no palco com a banda. "Aquela foi a época em que estávamos descobrindo o que o público gostava e saber até onde podíamos ir. O que nos ajudou a fazer o "Simples" foram os shows, que tocávamos covers e as músicas do Alvorada. Percebíamos que quando o Vitor fazia um rap no meio da música ficava bom, ou quando tocávamos uma música mais pesada com a voz do Gigante (Gabriel, vocalista). O EP "Alvorada" nasceu da necessidade de termos músicas autorais, ter uma banda autoral. "Queríamos mostrar por que estávamos aqui, por que montamos uma banda" complementa Bruno, "não tínhamos a maturidade que temos hoje". A passagem do "Alvorada" para o "Simples" foi bem natural, não foi questão de referências e sim de amadurecimento da banda.

BMR: Como é ser uma banda independente hoje em dia? Quais são as dificuldades e como vocês acham que está o cenário hoje em dia?

CJ: A causa raiz de todas as dificuldades é a motivação. Você vê pessoas que não tem muito talento ou pessoas que conseguem avançar por um caminho mais rápido, é relativo. A gente tem de ter a perseverança de acreditar que mesmo com nossos limites temos de estar sempre motivados, nunca desistir. Fazer com que todos da cena deem as mãos e cresçam juntos, façam acontecer, não tem outro jeito. Por mais que seja difícil, a gente escolheu esse caminho. "Acho que toda banda deve passar por uma fase independente, para saber como tudo funciona" diz Bruno. O que nos ajudou a passar por isso foi o entendermos que quando entramos no palco, é o que sabemos fazer. O resto, que é muita coisa, a gente descobre como é que faz. Ter uma banda independente é sempre resistir, estar lutando sempre. Demora um pouco, mas uma hora da certo

Para conferir a review que fizemos do álbum Simples, só clicar aqui

segunda-feira, 13 de março de 2017

Review #17 - Vanguart: Muito Mais Que Amor (2013)


O terceiro álbum da banda de folk/country cuiabano Vanguart foi Muito Mais Que Amor, produzido por Rafael Ramos, que ajudou a lançar a banda Mamonas Assassinas. O produtor trabalhou com a banda Ultraje a Rigor no álbum ao vivo 18 Anos Sem Atirar, e também trabalhou com a banda Os Invisíveis. A maioria das músicas do álbum seguem para o lado folk, utilizando instrumentos não tão usuais como clarinete na música A Escalada das Montanhas de Mim Mesmo, bandolim na música O Que Seria de Nós e Pelo Amor do Amor e violino (que seria inevitável para o estilo que a banda segue) em Estive e Pelo Amor do Amor. O álbum pode não possuir cadências e harmonias muito complexas, mas possui uma poética na utilização dos instrumentos e principalmente na lírica, que aborda o tema do amor nos seus variados aspectos. Ótimo som para ouvir enquanto viaja, ou em dias de chuva enquanto anda de ônibus. 

quinta-feira, 9 de março de 2017

Review #16 - Esteban: ¡Adiós, Esteban! (2012)


O primeiro álbum de Rodrigo Tavares, mais conhecido por Esteban, foi ¡Adiós, Esteban!. Com a gravadora STEREOPHONICA, que também trabalhou com grandes nomes como Bidê ou Balde, Erasmo Carlos, Arnaldo Baptista e Cachorro Grande. Tendo trabalhado com Fresno (produzindo seus dois primeiros álbuns) e realizado uma turnê com Humberto Gessinger, o álbum denuncia toda a bagagem que Esteban recolheu no decorrer desses anos. O álbum tem uma sonoridade que lembra bastante o Zimbra (na verdade, o Zimbra quem tem uma sonoridade que lembra o álbum, por ter sido lançada depois) pela questão dos metais. Um diferencial do álbum é são as melodias paralelas do acordeão, bem elaboradas, criando um contraponto muito interessante. Participações especiais como o próprio Lucas Silveira do Fresno na música Pianinho, Humberto Gessinger em Sinto Muito Blues e ¡Tchau, Radar!, ou até mesmo uma narração de futubol  por Galvão Bueno na música Visita. Apesar de algumas músicas caírem numa harmonia clichê, a produção musical e configuração sonóra conseguem deixar o álbum com uma sonoridade incrível. 

quarta-feira, 8 de março de 2017

Especial - Dia Internacional da Mulher: Chiquinha Gonzaga


Chiquinha Gonzaga é, de longe, uma das mais importantes compositoras brasileiras da música popular. Nascida em 1848, batizada como Francisca Edwiges Neves Gonzaga. Filha de mãe mestiça e pai branco, ele, que era tenente, teve de lutar muito para que sua família e sociedade aceitasse a união com uma moça de origem humilde. Chiquinha cria sua primeira composição aos onze anos de idade, que se chama "Canção dos pastores". Na sua adolescência já apresentava um comportamento "rebelde", e aos 16 anos acaba se casando por obrigação com Jacinto Amaral, de 24 anos. Quando completa 21 anos se separa, com três filhos, e acaba em um relacionamento com João Batista de Carvalho Junior, o qual não podia se casar, pois a sociedade da época não permitia uma união ilegítima, e também por João frequentar a casa de Jacinto, ex-marido de Chiquinha. Depois de João abandonar a cidade, ela finalmente começa a dar prioridade a sua vida musical, lançando assim a música "Atraente". Foi nessa época que Callado a ajudou bastante (e boatos de um suposto caso entre os dois), e sempre que possível incluindo-a em seus conjuntos. Segundo Jairo Severiano em seu livro Uma História da Música Popular Brasileira, "Foi seguindo a sua orientação, observando o seu estilo de compor e tocar, que ela tornou-se a primeira profissional a levar o choro para o piano". Foi nessa época que surgiram os boatos e histórias de mal dizer, afinal, ela era uma mulher, no final do século XIX e compositora, mas contornou todos os boatos. Compôs peças, operetas, tangos, maxixes (que por curiosidade vendia suas partituras com o nome de "tango", pois o maxixe era uma dança rejeitada pela sociedade média/alta da época), cançonetas e até mesmo uma marchinha muito famosa, "Ó abre alas". Participou também de campanhas abolicionistas e defendeu os direitos autorais, sendo uma das fundadoras da SBAT. Chiquinha Gonzaga lutou contra todos os paradigmas perdidos de uma geração machista e controladora, luta essa que fez sua consolidação na cultura popular brasileira. 

Feliz dia Internacional das Mulheres!

Bibliografia:

SEVERIANO, Jairo - Uma História da Música Popular Brasileira