segunda-feira, 3 de abril de 2017

Review #20: Scuba Divers - Scuba Divers (2017)


Scuba Divers é uma banda que "(...) é uma colagem de barulho e poesia". A banda formada em 2014 busca um som diferente das bandas locais, promovendo eventos que envolvem outras bandas também alternativas, como o Alternapalooza, que vem sendo organizado pelo guitarrista Daniel Teles. O álbum traz um mix de sons nostálgicos, lembrando muito The Smiths, The Cure e Joy Division que, segundo os próprios membros "Vai desde o post-punk ultra-romântico da cena inglesa dos anos 80 até a fúria dissonante da Seattle dos anos 90". Músicas dissonantes e agressivas como "Snowflake", "Dazed" e principalmente "Crushed to Death", até as agitadas "I Wanna Die In London", "If I Could" e "Echoing" fazem parte do álbum. Um Álbum bem trabalhado e de sonoridade diferente, traz à tona a nostalgia de uma época em que ouviamos os discos de viníl comprados nas lojas de discos (quase que inexistentes hoje) no chão da sala. 

Para ouvir o álbum completo, clique aqui 

Dica de música: Echoing


segunda-feira, 27 de março de 2017

Review #19: Fabio Brazza - Tupi or Not Tupi (2016)



Parece que Tupi or not tupi, além de ser o primeiro álbum de rap a aparecer aqui no BMR, foi o álbum mais brasileiro do gênero até então. O nome é uma clara referência ao Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade, mostrando que o álbum é uma mistura poética do rap com os mais diversos ritmos brasileiros, desde o samba, passando pela bossa, jazz e até mesmo capoeira. Várias participações especiais, como na música De Volta Para o Futuro com a ex-The Voice Isadora Morais, a cantora Paula Lima com a música Sabe, a música Hey João juntamente do lendário Arnaldo Antunes, e até mesmo Caju e Castanha com o repente A Gente Gosta de Inventar. Um flow e instrumental que lembram bastante Gabriel, o Pensador, instrumentais esses que não se limitam apenas a um estilo por música. Realmente uma grande antropofagia dos diversos estilos brasileiros e não brasileiros, demonstrando como podemos aproveita-los e ter liberdade no quesito de criar música. Um álbum criativo e bem elaborado.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Review #18: Bonde do Rolê: With Lasers (2006)


É bem visível que With Lasers,  primeiro álbum da banda Indie/Funk Carioca (termo muito diferente e interessante nos dias de hoje) Bonde do Rolê teve uma criação sonora inovadora, não só para a época em que foi lançado. Percebe-se de cara a influência que tiveram do falecido grupo U.D.R em questão de samplers e mixagem, mistura essa que cunhou na criação de uma sonoridade única para o trio, misturando batidas de funk carioca antigo com a levada pop, característica que hoje temos muito em nosso funk. Provavelmente foi a época de ouro para a banda. Todas as músicas estavam no top 100 do Billboard e hit parade entre outros. Pelo álbum ter sido produzido ( e também por terem assinado o acordo) com a famosa americana Domino Records, conseguiram certo reconhecimento então, realizando turnês pela Europa e Estados Unidos. O grupo até mesmo teve boa recepção da crítica americana e britânica. A época de ouro, claro, iria encerrar com a saída da vocalista Marina Vello, por motivos que não foram revelados até então (seria ela a Marina Gasolina da canção?). Um álbum divertido e engraçado, se você gostar da sonoridade do grupo U.D.R. vai se identificar bastante com o trio. Ótimo para festas e para "Soltar o Frango".

quinta-feira, 16 de março de 2017

Entrevista #1 - Cabana Jack e o álbum "Simples"


Olá pessoal, tudo bom? Hoje infelizmente não teremos review :( mas em contrapartida teremos uma entrevista que realizamos com a banda Cabana Jack na Concha Acústica de Santos, dia 04/03.

BMR: Sobre o CD "Simples", como foi o processo de criação do álbum?

CJ: A maioria das músicas do CD foram compostas pelo Danilo (guitarrista), com a participação de Vitor (guitarrista) e do Maurício (baterista) em algumas letras. Quando estavamos ainda planejando o CD, começamos a selecionar algumas músicas que o Danilo havia composto, então o Bruno (baixista) pediu para que ele gravasse as músicas que tinham mais a "cara" do Cabana Jack. Foram apresentadas 30 músicas, da qual 12 foram para o CD depois da seleção. Danilo diz: "Sempre que componho deixo livre para que os outros membros possam opinar, pra ficar mais a cara da banda, não ser apenas eu." Algumas músicas foram reformuladas, como "Casinha de Madeira", que era uma música antiga, e "Perto Daqui" que foi originalmente composta em inglês. Então depois de acertarmos os arranjos, fomos para o estúdio (Electro Sound), gravamos com o André Freitas, que nos ajudou bastante nesse processo. "Muita coisa ainda nasceu no estúdio" relembra Bruno. Quando conhecemos o André, queríamos apenas que ele gravasse. Segundo Maurício: "Ele respeitou nosso espaço e nos entendeu bem, que eramos versáteis, caminhávamos por vários estilos. Ele entendeu a nossa proposta e mesmo assim ele conseguiu somar. Um cara talentoso, bem estudado, nos ajudou bastante no som." Foi algo inesperado que fez o nosso som soar além das nossas expectativas.

BMR: Sobre as influências musicais. É bem nítido o contraste de influências do EP "Alvorada" para o álbum "Simples". Como foi essa transição?

CJ: Foi basicamente colocar todas as nossas influências no CD e dizer: "Isso é Cabana Jack, quando nos juntamos esse é o nosso som". Cumprir o papel de primeiro álbum, para mostrar nossas caras e quem nós somos. O EP foi bem no começo da banda, eramos jovens e o Bruno ainda não fazia parte da banda, apenas da produção. Fazíamos um som voltado para o reggae, tanto que ganhamos o premio de "Melhor Artista de Reggae" pela Rock Show em 2014. Bruno relembra que foi a primeira vez em que subiu no palco com a banda. "Aquela foi a época em que estávamos descobrindo o que o público gostava e saber até onde podíamos ir. O que nos ajudou a fazer o "Simples" foram os shows, que tocávamos covers e as músicas do Alvorada. Percebíamos que quando o Vitor fazia um rap no meio da música ficava bom, ou quando tocávamos uma música mais pesada com a voz do Gigante (Gabriel, vocalista). O EP "Alvorada" nasceu da necessidade de termos músicas autorais, ter uma banda autoral. "Queríamos mostrar por que estávamos aqui, por que montamos uma banda" complementa Bruno, "não tínhamos a maturidade que temos hoje". A passagem do "Alvorada" para o "Simples" foi bem natural, não foi questão de referências e sim de amadurecimento da banda.

BMR: Como é ser uma banda independente hoje em dia? Quais são as dificuldades e como vocês acham que está o cenário hoje em dia?

CJ: A causa raiz de todas as dificuldades é a motivação. Você vê pessoas que não tem muito talento ou pessoas que conseguem avançar por um caminho mais rápido, é relativo. A gente tem de ter a perseverança de acreditar que mesmo com nossos limites temos de estar sempre motivados, nunca desistir. Fazer com que todos da cena deem as mãos e cresçam juntos, façam acontecer, não tem outro jeito. Por mais que seja difícil, a gente escolheu esse caminho. "Acho que toda banda deve passar por uma fase independente, para saber como tudo funciona" diz Bruno. O que nos ajudou a passar por isso foi o entendermos que quando entramos no palco, é o que sabemos fazer. O resto, que é muita coisa, a gente descobre como é que faz. Ter uma banda independente é sempre resistir, estar lutando sempre. Demora um pouco, mas uma hora da certo

Para conferir a review que fizemos do álbum Simples, só clicar aqui

segunda-feira, 13 de março de 2017

Review #17 - Vanguart: Muito Mais Que Amor (2013)


O terceiro álbum da banda de folk/country cuiabano Vanguart foi Muito Mais Que Amor, produzido por Rafael Ramos, que ajudou a lançar a banda Mamonas Assassinas. O produtor trabalhou com a banda Ultraje a Rigor no álbum ao vivo 18 Anos Sem Atirar, e também trabalhou com a banda Os Invisíveis. A maioria das músicas do álbum seguem para o lado folk, utilizando instrumentos não tão usuais como clarinete na música A Escalada das Montanhas de Mim Mesmo, bandolim na música O Que Seria de Nós e Pelo Amor do Amor e violino (que seria inevitável para o estilo que a banda segue) em Estive e Pelo Amor do Amor. O álbum pode não possuir cadências e harmonias muito complexas, mas possui uma poética na utilização dos instrumentos e principalmente na lírica, que aborda o tema do amor nos seus variados aspectos. Ótimo som para ouvir enquanto viaja, ou em dias de chuva enquanto anda de ônibus. 

quinta-feira, 9 de março de 2017

Review #16 - Esteban: ¡Adiós, Esteban! (2012)


O primeiro álbum de Rodrigo Tavares, mais conhecido por Esteban, foi ¡Adiós, Esteban!. Com a gravadora STEREOPHONICA, que também trabalhou com grandes nomes como Bidê ou Balde, Erasmo Carlos, Arnaldo Baptista e Cachorro Grande. Tendo trabalhado com Fresno (produzindo seus dois primeiros álbuns) e realizado uma turnê com Humberto Gessinger, o álbum denuncia toda a bagagem que Esteban recolheu no decorrer desses anos. O álbum tem uma sonoridade que lembra bastante o Zimbra (na verdade, o Zimbra quem tem uma sonoridade que lembra o álbum, por ter sido lançada depois) pela questão dos metais. Um diferencial do álbum é são as melodias paralelas do acordeão, bem elaboradas, criando um contraponto muito interessante. Participações especiais como o próprio Lucas Silveira do Fresno na música Pianinho, Humberto Gessinger em Sinto Muito Blues e ¡Tchau, Radar!, ou até mesmo uma narração de futubol  por Galvão Bueno na música Visita. Apesar de algumas músicas caírem numa harmonia clichê, a produção musical e configuração sonóra conseguem deixar o álbum com uma sonoridade incrível. 

quarta-feira, 8 de março de 2017

Especial - Dia Internacional da Mulher: Chiquinha Gonzaga


Chiquinha Gonzaga é, de longe, uma das mais importantes compositoras brasileiras da música popular. Nascida em 1848, batizada como Francisca Edwiges Neves Gonzaga. Filha de mãe mestiça e pai branco, ele, que era tenente, teve de lutar muito para que sua família e sociedade aceitasse a união com uma moça de origem humilde. Chiquinha cria sua primeira composição aos onze anos de idade, que se chama "Canção dos pastores". Na sua adolescência já apresentava um comportamento "rebelde", e aos 16 anos acaba se casando por obrigação com Jacinto Amaral, de 24 anos. Quando completa 21 anos se separa, com três filhos, e acaba em um relacionamento com João Batista de Carvalho Junior, o qual não podia se casar, pois a sociedade da época não permitia uma união ilegítima, e também por João frequentar a casa de Jacinto, ex-marido de Chiquinha. Depois de João abandonar a cidade, ela finalmente começa a dar prioridade a sua vida musical, lançando assim a música "Atraente". Foi nessa época que Callado a ajudou bastante (e boatos de um suposto caso entre os dois), e sempre que possível incluindo-a em seus conjuntos. Segundo Jairo Severiano em seu livro Uma História da Música Popular Brasileira, "Foi seguindo a sua orientação, observando o seu estilo de compor e tocar, que ela tornou-se a primeira profissional a levar o choro para o piano". Foi nessa época que surgiram os boatos e histórias de mal dizer, afinal, ela era uma mulher, no final do século XIX e compositora, mas contornou todos os boatos. Compôs peças, operetas, tangos, maxixes (que por curiosidade vendia suas partituras com o nome de "tango", pois o maxixe era uma dança rejeitada pela sociedade média/alta da época), cançonetas e até mesmo uma marchinha muito famosa, "Ó abre alas". Participou também de campanhas abolicionistas e defendeu os direitos autorais, sendo uma das fundadoras da SBAT. Chiquinha Gonzaga lutou contra todos os paradigmas perdidos de uma geração machista e controladora, luta essa que fez sua consolidação na cultura popular brasileira. 

Feliz dia Internacional das Mulheres!

Bibliografia:

SEVERIANO, Jairo - Uma História da Música Popular Brasileira

segunda-feira, 6 de março de 2017

Review #15 - Supercombo: Amianto (2014)


O terceiro disco da banda de rock alternativo brasileiro Supercombo, Amianto, foi realmente o álbum que os levou para o reconhecimento geral, principalmente por terem participado da segunda temporada do Superstar. Foi gravado e produzido pela ELEMESS, que também trabalhou com a banda Far From Alaska e com o artistas Enzo Romani, diferentemente do primeiro álbum, Sal Grosso, que foi gravado e produzido independente. O álbum conta com os grandes sucessos Piloto Automático e Amianto, músicas que de primeira impressão podem retratar algum tipo de niilismo e pessimismo, denunciando a realidade de quem mora numa metrópole. De primeira impressão, pensa-se que o álbum tem uma sonoridade única, tendo efeitos eletrônicos paralelos à música em algumas faixas, mas é notável que a banda remete a uma sonoridade igual às bandas Muse e Weezer, até mesmo pelo arranjo e forma das músicas. Na questão lírica, muitas músicas acabam por não fazer sentido, sem estrutura, tendo uma poética que relembra a antiga banda do vocalista Leonardo Ramos, 2ois.

quarta-feira, 1 de março de 2017

Review #14 - Dona Cislene: Um Brinde aos Loucos (2014)


Recado

Galera, tudo bem? Quem fala é o Gabriel, quem vem escrevendo todas as reviews e postagens do blog. Hoje teremos uma review diferente, pois não fui eu quem a escrevi, e sim o Leonardo Benedito, também baixista da banda em que toco, Boralá, e a partir de agora irá me ajudar com algumas postagens. Não tenho dúvida que irão gostar das reviews dele!

                   

Talvez esse seja o álbum mais “pra jovem” da nova geração de bandas de rock dessa década. Muitas vezes dizer que algo ser pra jovem é ruim, porém a banda Dona Cislene fez um trabalho magnífico com o álbum Um Brinde aos Loucos (2014). Ouso dizer que depois de Charlie Brown Jr eles foram a banda que mais soube retratar o que o jovem quer ouvir no momento. Ter uma vida não se importando do que os outros dizem de ti e realmente querendo fazer a vida ser divertida como é retratado em “Good Vibe”, “Ego” e “Não Dessa vez”. Pra quem quer ouvir um álbum porradeira com afinação pesada em muitas músicas e que remetem a bandas como Raimundos, CBJR e The Offspring (banda essa que já abriram show) o álbum acaba sendo uma ótima escolha. E fiquem ligados que esse ano a banda irá lançar um novo álbum.

Dica de música: Herói


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Review #13 - Lara os Ultraleves: Em Boa Hora (2015)


Em Boa Hora é o primeiro álbum da banda paulistana Lara e os Ultraleves, que preza criar um som com referências antigas, misturando assim ritmos como R&B, jazz, blues com a nossa MPB. Junção essa que não funciona tanto devido metade das composições líricas do álbum serem em inglês, perdendo um pouco a credibilidade da junção. A sonoridade lembra um bastante a sonoridade criada por Clarice Falcão, sendo bem mais elaborada instrumentalmente (como a música Volta Logo, My Dear, que lembra bastante uma música de comercial), e em contrapartida músicas que lembram o funk brasileiro de Tony Tornado, como Não Tem Volta, ou que remetem à Jovem Guarda, como a música que abre o álbum, Hora de Ir Embora, e até mesmo incrível música nos moldes de um Doo-wop¹ como em Anybody But You. O estúdio no qual gravaram foi o Estúdio 12 Dólares, que também já havia trabalhado préviamente com Léo Cavalcanti em seu disco Despertador, e com a banda Ludov, também produtor do estúdio. Embora algumas músicas caiam em clichês harmônicos, você percebe que a banda traz uma sonoridade diferente no aspecto de instrumentação e arranjo.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

"Zé Pereira" e a origem do carnaval de rua


O Carnaval é realmente um dos maiores eventos que acontece em nosso pais. Grandes festas que fecham as ruas, serpentina pra todo o lado, grupos musicais que participam da festa, como o bloco de Francisco, el Hombre, ou até mesmo músicas icônicas (e irônicas) que lembramos, como o "Unidos do Caralho a Quatro". Além de eventos culturais, como os bonecos de Olinda e o Frevo, o carnaval possui um costume muito comum que vai de ponta a ponta nesse pais, que é o Carnaval de Rua. Curiosamente,  é difícil imaginar que a quadrilha possa ter algo a ver com o carnaval, até porque, quem seria o louco de dançar quadrilha no meio de um bloco de carnaval?  Por isso vamos voltar para o século XIX, no Rio de Janeiro, com um sapateiro português conhecido por José Nogueira de Azevedo Paredes, Zé Nogueira para os mais íntimos. Por sua nacionalidade, Zé estava relembrando das festas e costumes, das quadrilhas portuguesas de sua terra natal com alguns amigos até que, segundo Jairo Severiano em seu livro Uma História da Música Popular Brasileira, "De repente, talvez estimulado pelo vinho, Zé Nogueira propôs saírem todos pelo centro do Rio, onde tinha sua oficina na rua São José, tocando bombos e tambores". Continuando: "Então o desfile realizou-se com grande algazarra e muitos vivas a um tal de Zé Pereira (que podeira ser o próprio Zé Nogueira), alcançando enorme sucesso e repetindo-se nos carnavais seguintes". Quase 20 anos depois do acontecimento, o ator Francisco Correia Vasques iria transforma-lo numa peça intitulada Zé Pereira Carnavalesco, cuja música final ficaria muito conhecida pela mesma que ouvimos hoje, a famosa música "Zé Pereira".

Bibliografia:

SEVERIANO, Jairo: Uma História da Música Popular Brasileira,2008, editora 34

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Review #12 - Meno Del Picchia: Macaco Sem Pelo (2013)


O álbum "Macaco Sem Pelo", do bisneto de um dos mais icônicos artistas da modernidade paulista, Meno Del Picchia, foi o segundo álbum lançado em sua carreira. Nesse álbum em especial, Meno fez questão de articular sua formação em antropologia¹ (no qual estava realizando sua tese de mestrado em que pode acessar clicando aqui), o que pode explicar toda a influência que o álbum possui, que vai de ritmos latinos a ritmos regionais brasileiros, como em Vou para o Pará, o qual mistura, em parte da música, a música cubana com o carimbó² paranaense. Essa música em especial me fez lembrar do álbum "Ópera do Malandro", do Chico Buarque, de 1979. Estéticamente, o álbum consegue mostrar o leque de referencias musicais que Meno Del Picchia conseguiu misturar, podendo lembrar desde um indie rock na música Macaco Sem Pelo e Seleta até um rock no "estilo d'Os Mulheres Negras" na música Alergia (que por coincidência tem a participação especial do próprio André Abujamra). A produção ficou por conta do próprio tecladista Otavio Carvalho, o qual fez excelente trabalho. As músicas, mesmo caindo em clichês harmônicos, conseguem salvar pelas variações, tanto melódicas quanto rítmicas (visto que o compositor aborda um leque de possibilidades). 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Review #11 - Ed Motta: Entre e Ouça (1992)



O terceiro álbum do compositor de funk/louge/jazz music brasileiro mais consagrado de nosso Brasilzão foi o álbum escolhido de nossa decima primeira review. O álbum marca a forte influencia de composições no estilo funk/louge jazz no álbum, tal como a marcante guitarra suingada, que permearia em suas futuras composições. É um álbum que não cai em clichês harmônicos e, embora as composições sejam "padrões" para o gênero, Ed ainda consegue dar um toque diferente nas composições, como por exemplo o solo de vibrafone nas músicas Nú Que Vale e Entre e Ouça, instrumento esse que é muito utilizado no jazz. Característica interessante foi a "língua" na qual Ed Motta cantou algumas músicas, apelidada por ele como "Ed Mottes", que nada mais é que a técnica de scat¹. O álbum foi produzido por Bombom, o qual já produzira seus primeiros CDs, também sendo produzido na Warner Music Group, que ficou sendo responsável pela distribuição. Já em meados de 1993 Ed encerraria o contrato com a gravadora, porém, foi um dos maiores sucessos da gravadora, que ainda relançou em 2003. Apesar da produção executiva não ter apreciado o álbum, tal como gravadoras, rádios e afins, não é equivocado dizer que foi um álbum divisor de águas na carreira de Ed Motta (que também é marcada com grandes polêmicas). Um álbum relaxante, para escutar em dias chuvosos, fazendo jus à capa do álbum, um aconchegante lar para ouvir uma música aconchegante.  


¹ Para entender a técnica do scat: É uma técnica que consiste em criar um solo de voz similar ao de um instrumento, na maioria das vezes não utilizando palavras. Um grande exemplo são as músicas de Scatman John, o qual misturou a técnica do jazz com o techno music na década de 1990. Recomendação de música:

 https://www.youtube.com/watch?v=Hy8kmNEo1i8

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Review #10 - Rogério Skylab: Skylab I (1999)


O cômico álbum de Skylab, "Skylab I", foi o segundo álbum de Rogério, sendo este o primeiro álbum de uma série, que teve seu fim até o décimo álbum, "Skylab X". Pouco conhecido, até mesmo inacessível em algumas plataformas de som, foi difícil achar o álbum. Embora não seja o mais mainstream, é um dos álbuns mais consagrados pelos fãs, até por conter os hits Matador de Passarinho (que futuramente se tornaria o nome de um programa apresentado pelo próprio Rogério) e Moto-Serra. Foi gravado pelo lendário Robertinho de Recife, que claro, todos conhecem por trabalhar com Moraes Moreira, Xuxa e Lulu Santos Hermeto Pascoal, Zeca Baleiro, Martinho da Vila, e internacionalmente com George Martin (considerado o quinto beatle), Andy Summers, entre outros. Apesar das músicas possuírem nomes tenebrosos, e até mesmo letras tenebrosas, o ar cômico e o estilo de canto sprechgesang¹, mudam totalmente o ar sombrio. Skylab aproveita os mais variados estilos em suas músicas. Harmonicamente as músicas deixam muito por esperar, mas no quesito estilo, o autor consegue muito se expressar bem, caminhando desde o brega clássico de Roberto Carlos até um chorinho na música Pedigree. Ótimo álbum pra quem curte músicas cômicas e humor negro.

¹Sprechgesang é uma técnica de voz expressionista que consiste em executar um "canto falado". Abaixo deixo o link para a peça "Pierrot Lunaire" do consagrado autor Arnold Schoenberg, precursor da música expressionista.

https://www.youtube.com/watch?v=bd2cBUJmDr8

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Review #9 - Forfun: Polisenso (2008)

O segundo álbum da banda carioca e consagrado um dos melhores em quesito de discografia, foi onde a banda realmente "começou". Alguns hits como Sol ou ChuvaEremita Moderno, O Viajante, Dia do Alívio e Panorama mostraram a nova cara da banda, que passava de uma banda de hardcore para uma banda que, a cada música, diversificou seu estilo. Seja o funk rock de Eremita Moderno até o reggae-rock groovado de Ai Sim, passando até mesmo por um salsa-rock coma música Escala Latina. Ainda assim remetem bastante o estilo de seu último álbum, com a música Dia do Alívo. A mudança na função de Vitor Isensee também ajudou muito nos arranjos, visto que passou de guitarrista para tecladista da banda, abrindo assim mais oportunidades nas composições da banda. Uma curiosidade sobre Polisenso é que foi o único álbum gravado e produzido independente (exceto pelo álbum Das Pistas de Skate às Pistas de Dança, porém não é considerado um álbum oficial). Suas composições não caem em clichês harmônicos (salvem alguns exemplos melódicos) nem mesmo rítmicos, demonstrando grande evolução de um álbum para outro.

Para conferir a review do primeiro álbum, Teoria Dinâmica Gastativa, acesse o link abaixo:


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Review #8 - Circo de Marvin: Modo Hard (2015)


Modo Hard é o segundo álbum lançado pela banda baiana Circo de Marvin. Um som com várias pegadas, que provavelmente irá se identificar com alguma, seja o funk rock de Modo Hard e Caroline, ou o rock pesadíssimo de Foi Mal e Vai lá. É difícil escolher uma música para dizer que é a favorita no álbum, do modo que, quando você está ouvindo o álbum e vai se dar conta do que está ouvindo, já está na música Filme de Vida. Uma produção, direção e mixagem impecáveis para o estilo de música que a banda buscou seguir. Não é muito difícil descobrir as referencias musicais de onde a banda bebeu para fazer as composições, que por visto foram muito elaboradas. Letras que, como de praxe para o estilo musical, sempre contam histórias (ou possuem uma história por trás, como Modo Hard, Leve), e claro, fazem crítica aos nossos costumes contemporâneos, etc. É bem visível que não é uma mera adaptação de um estilo ou moldes musicais norte-americanos, e sim uma releitura muito bem feita de uma realidade que todos nós vivemos, e não temos escolha senão viver e fazer daquilo um jogo, um desafio. Ótimo álbum para dar aquele impulso no dia, com letras revigorantes e muito bem direcionadas.

Link para o videoclipe da música Modo Hard:

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Review #7 - Charlie Brown Jr: Transpiração Continua Prolongada (1997)


"Transpiração Conntínua Prolongada" foi o primeiro álbum da banda santista mais conhecida de nosso Brasilzão. Produzido por Rick Bonadio (sim, o mesmo cara do Midas Music) que também trabalhou com o CPM 22, Fresno, NX Zero (coincidência não?) e claro, com o fenômeno da década de 1990, Mamonas Assassinas. Assim como seus próximos discos, para uma estréia, foram mais de 200.000 vendas, alcançando assim o disco de platina. Um álbum com sonoridade excelente para um primeiro álbum, e provavelmente alcançou todas as expectativas da banda. Os ritmos variam desde hard rock até funk rock, rap rock, reggae, com direito a técnicas sonoras como scratch, e até mesmo com a participação especial do grupo Câmbio Negro na música Lombra. É bem notável as influencias musicais norte-americanas na sonoridade da banda, porém a banda conseguiu "abrasileirar" tão bem que fica irreconhecível, e quem sabe pode soar até melhor. Por falar em influencias, era imprescindível que ali estaria surgindo uma nova sonoridade, que mais tarde seria conhecida como música caiçara, e claro, iria influenciar muitas bandas até hoje. As composições não caem em clichês harmônicos, foram criativos no quesito sonoridade enquanto composição. É um álbum chave quando se fala em funk rock nacional. 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Recomendações #2

Olá a todos, hoje estarei postando mais três recomendações para curtir no fim de semana. Lembrando que não serão reviews, e sim recomendações, com breves comentários sobre cada álbum

Preço Curto, Prazo Longo (1999) - Charlie Brown Junior



Álbum decisivo na carreira da banda santista. Conta com os sucessos Te Levar Daqui (que todos nós escutamos em Malhação), Zoio de Lula e Não Deixe o Mar te Engolir.

Verbaliza (2015) - Vibehouse



Outra banda santista que, no caso, está ganhando seu espaço aos poucos. Com os hits sendo Sereia, Verbaliza e Raias e Corais, é um ótimo som para relaxar, além de ser bem produzido.

Braza (2016) - Braza



Nova banda com alguns dos ex-integrantes do Forfun. O som não é o mesmo, mas não quer dizer que isso seja ruim, afinal, estamos falando de Forfun!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Review #6 - Toni Tornado: B.R.3 (1971)


Foi na década de 1970 que a música brasileira passava por uma fase difícil (devido à censura do regime militar, principalmente pelo governo de Médici) enquanto, em contrapartida, passava por uma fase de ouro. Tim Maia já lançava no começo da década seu primeiro álbum, em 1970, dentro dos padrões, sem letras "subversivas". Já Toni se utilizava do veículo para cantar suas críticas, como em Juízo Final, primeira faixa do álbum, e B.R.3, música que ganhou o "V Festival Internacional da Canção" um ano antes do lançamento do álbum. É evidente que Toni foi a versão "abrasileirada" de James Brown, até mesmo por sua ativismo, o qual já havia presenciado enquanto estava no EUA, na década de 1960. Um exemplo bem nítido desta causa acontece na letra doJuízo Final, em que canta: "Bebedouro mata sede, não escolhe cor". O álbum foi gravado pela Odeon Records, hoje no Brasil tendo o nome de EMI Music. No quesito sonoridade, você percebe muito bem que, diferentemente de Jorge Ben Jor, Toni apresenta apenas elementos da música norte-americana, assim como Tim Maia. O álbum foi um marco para o funk/soul brasileiro por não só apresentar um novo estilo no país como dando continuidade aos movimentos de igualdade racial e ativismo político, que infelizmente não ganhou tanta força quanto nos EUA.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Review #5 - Plutão Já Foi Planeta: Daqui pra lá (2014)


Apesar do nome, a banda não carrega "Músicas Espaciais" em seu repertório, e sim músicas significativas de interpretação. A banda natalense formada em 2013, e com Daqui pra lá sendo lançado em 2014 como seu primeiro álbum, e hoje é uma das bandas mais influentes no cenário indie brasileiro. Apesar de ter alavancado seu sucesso, e ter sido produzido num estúdio de nome, o álbum apresenta ideias ótimas que, na prática, parece não ter dado muito certo, sendo que a produção e mixagem foram muito fracas (sendo bem franco, não soube se foi proposital deixar a mixagem/produção assim ou não). São muito nítidas as influências musicais indie-pop da banda, como Los Hermanos, e os grooves da fase inicial d'Os Paralamas do Sucesso, e principalmente a utilização do ukulele, baseado em bandas internacionais indie, como Beirut e Alaska in Winter (até por serem bandas com ideias sensacionais que na prática não soaram muito bem em questão harmonica). O álbum inteiro foi gravado no estúdio DoSol, esse mesmo que já trabalhou com o Luiz Gadelha e os Suculentos e os minimalistas experimentais do Fetuttine. Não é muito difícil você confundir o som da banda com algumas músicas de Clarice Falcão, exceto pelos poucos experimentalismos realizados no álbum. Um som gostoso de se ouvir num fim de tarde, mas nada tão elaborado, ótimo para momentos de descontração

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Review #4 - Forfun: Teoria Dinâmica Gastativa (2005)


Primeiro verdadeiro álbum da banda (que na época era uma banda de punk rock), o qual lançou o quarteto carioca que hoje faz muita falta em nossos palcos. O álbum aproveita várias composições do álbum anterior, Das Pistas de Skate às Pistas de Dança (2003), como "História de Verão", "Cara Esperto" e até mesmo "Seu Namorado é um Bundão" (que hoje já não possui esse nome). Teoria Dinâmica Gastativa foi produzido por Liminha, produtor que já trabalhou com Paralamas do Sucesso, IRA, Titãs, Natiruts entre muitos outros famosos. O produtor viu potencial na banda e decidiu investir, criando até mesmo um selo para lançar este álbum. Muitas das composições do álbum possuem um padrão, visto que estavam no começo e provavelmente não possuíam tantas referências quanto quando apresentaram em Polisenso (2008). Contando com os hits "Hidropônica", "História de Verão" e "Terra do Nunca", outra característica marcante é que não é só "Um álbum de adolescente com músicas bobas sobre amor", e sim um álbum divertido e agitado de se escutar, que mostra o potencial que a banda já tinha antes de ter suas principais referências musicais.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Review #3 - Cabana Jack: Simples (2016)



A banda Cabana Jack não é uma banda (ainda) tão conhecida nacionalmente, mas se você vive por Santos e região, provavelmente já deve ter ouvido falar. "Simples" foi lançado em Agosto de 2016, obtendo mais sucesso que seu primeiro EP "Alvorada", lançado em 2014. O álbum foi produzido por André Freitas, que já havia trabalhado com Charlie Brown Jr e Bula, pelo Electro Sound Studio. O CD possui uma grande diversidade de ritmos, nunca mudando o formato de banda, e ainda por cima consegue ser criativo, matéria que a banda já conseguiu alcançar ao lançar seu primeiro EP. São muito nítidas as influências que os músicos seguiram para concretizar esse atalho, além de harmonias e melodias bem trabalhadas, e características (principalmente na percussão) que deixam a banda com uma unidade sonora excepcional. Ótimo para ouvir (e tocar) em qualquer ambiente em que esteja de contato com a natureza, andando na praia ou se pretender refletir, pois as letras ainda conseguem te fazer pensar por um tempo (como em "Conselhos de um Antigo Futuro" e "Será o Certo").

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Recomendações #1

Olá, como estão? Hoje vou escrever algumas recomendações de álbuns para que possam escutar nos 3 dias do fim de semana. Lembrando que não serão reviews, apenas recomendações. Futuramente irei escrever reviews sobre os álbuns que estou indicando!

Modo Hard (2015) - Circo de Marvin



Ultimo álbum da banda baiana de funk rock. O álbum é ótimo para acordar e seguir até o fim do dia com gás e energia. Frases de efeito também são muito presentes nesse álbum frenético, que também faz parte da característica da banda.

Tony Tornado (1972) - Tony Tornado




Outro álbum agitado para a lista, e que não poderia faltar, de nosso James Brown Little Richard brasileiro. O álbum marca a fase de saída dos estúdios por conta de Tony ter começado a atuar. Conta com grandes hits como "Podes crer amizade" e "Mane Beleza".


Polisenso (2008) - Forfun




Álbum que marca a presença de novas influências musicais na banda, tal como a estrutura da banda. Conta com clássicos da banda como "Eremita Moderno" e "Sol ou Chuva", criando referências que só iriam ser aproveitas em Nu de 2014.  

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Review #2 - O Terno: 66 (2012)



A estréia da banda O Terno foi "66", sendo este o álbum que mais divulgou o "power trio" paulista de experimental rock mais conhecido de nosso Brasil. O álbum teve produção independente, mas claramente com a ajuda de Maurício Pereira, pai do Tim e integrante d'Os Mulheres Negras, no qual gravavam música independente já nas décadas de 1980 e 1990. Das 10 faixas, metade delas foi composta pelo vocalista e guitarrista Tim Bernardes, enquanto o "lado B" foi composta (e também gravada, como por exemplo em "Purquá Mecê" e "Quem é quem") por seu pai, Maurício Pereira. Vale ressaltar que a faixa "Purquá Mecê" faz parte do álbum da dupla Os Mulheres Negras, "Música e Ciência". Quando se ouve pela primeira vez, não é tão nítida a diferença entre as composições de Tim e Maurício, mas se escutada pela 10ª vez (e provavelmente escutar algum trabalho d'Os Mulheres Negras) talvez consiga distinguir facilmente. No álbum, são músicas que fazem referência à outras músicas (como em "Zé, o Assassino Compulsivo" e "Eu Não Preciso de Ninguém), outras que fazem referência à técnicas composicionais ("dodecafonia, dodecafonia, pra você" em "66"). O álbum não é apenas poético como também técnico, consegue fazer essa junção tão bem quanto Os Mulheres Negras fizeram em seu experimentalismo musical, fazendo deste o tipo de álbum na qual você terá de ouvir não só duas mas sim várias vezes para entender do que o mesmo se trata. Ouça-o sem ressentimentos, enquanto estiver em seu trabalho, escola, no ônibus, em casa, qualquer lugar.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Review #1 - Zimbra: O Tudo, O Nada e O Mundo (2013)


"O Tudo, O Nada e O Mundo" é o primeiro álbum da banda santista The Mentes, Panorama, Zimbra. O álbum de lançamento da banda marca a presença do aclamado produtor musical Lampadinha, que já havia trabalhado anteriormente com grandes nomes, como Charlie Brown Jr, Los Hermanos, NX Zero, Rita Lee, entre outros. As músicas que se destacam neste álbum são "Viva", "Missão Apollo" (fazendo referência à capa), "Cronograma" e "Amanhã". Nesse álbum pode-se notar a junção do rock alternativo americano com o rock alternativo brasileiro, incluindo ainda outros instrumentos como os metais (trompete e trombone), imprescindíveis na execução das músicas. Apesar de algumas músicas caírem nos clichês harmônicos, o álbum em si possui um exercício de criatividade único, ponto positivo para um álbum em lançamento. Simples e calmo, é uma ótima sugestão para ouvir num dia chuvoso ou numa longa estrada.